São nos vídeos e nas fotos que registram nossos Congressos e nossas ações que podemos ver os dons do Léo. Lá estão registrados a força do amor de uma mobilização que escolheu o movimento para existir. Atrás de sua máquina, sua filmadora ou de seu computador alguém que tinha a vida salva entregava todo o seu amor para que aqueles momentos ali registrados possam ser eternos e poderiam ser vistos e sentidos por aqueles que admiram o resultado de seu trabalho. Léo entregava ali suas emoções, suas lutas, seus melhores e piores momentos e fez de seu trabalho no Freemind uma maneira de ajudar outros que precisavam ter sua vida salva como a dele foi. Ele terminou sua vida fazendo isso com aqueles projetos que eram seus e que ele inspirou em sua recuperação e em sua liberdade e sobriedade.
Simples no trato com as pessoas, a arte do Léo levava muitos de nós eternizar momentos que se fossem registrados por um artista qualquer não teria a mesma cor e a mesma graça que quando registrado por ele. Ele fez muita diferença para nós. Seus registros eternizam sua vitória. Neles, Deus exemplificou a força de uma ressurreição.
A Recuperação do Léo teve no Padre Haroldo sua maior expoente. A convivência com ele nós nós devemos ao Padre também, cuja simplicidade nas palavras e na economia delas levamos nos reflexos tão profundos.
Eu lembro do dia em que, irritado com as dificuldades da manutenção de nossa missão e fragilidades humanas e julgamentos que sofríamos por alguns que eu acreditavam que poderiam nos ajudar, entrei em sua casa e nervoso perguntava ao Padre se valia a pena tanto esforço para viver tantas dificuldades. Olhava para o Padre e perguntava para ele se depois de 60 anos ele achava que valia a pena. Com um olhar terno e impassível, depois de ouvir meu "chilique" e com um sorriso no rosto Padre disse assim: Se salvar uma vida já valeu. Saí de lá e nunca mais reclamei.
Léo foi uma dessas vidas salvas. E não está mais entre nós. Mas foi salvo. E por mais que a dor da perda seja inevitável para sua família e seus amigos, saber que ela foi com ele limpo faz uma diferença muito grande.
Porque nos seus registros ficam a força da recuperação, da vitória e do exemplo que é possível vencer as drogas. A gente sabe que isso não é para qualquer um. Mas foi para o Léo.
Depois de dele fica como reticências, os três pontinhos, que na produção textual significa uma pausa, uma emoção demasiada, uma insinuação...
Valeu Léo, 83. Para nós você foi um presente.
Um presente registros são carregados de vitória e de salvação.
E a certeza de que sua vida foi salva.
Fica seu exemplo.